O avanço da tecnologia em reprodução humana – o que dizem os trabalhos científicos?
Há quase quatro décadas, em 25 de julho de 1978, nascia na Inglaterra, Louise Joy Brown, o primeiro bebê de proveta do mundo.
Sem dúvida, uma revolução na medicina, e marco inicial de tantas novas tecnologias que ajudam os casais a engravidar.
De lá para cá, muita coisa facilitou para quem precisa de tratamentos mais sofisticados para engravidar.
No início as coletas de óvulo precisavam ser realizadas por cirurgias a céu aberto, e as taxas de gravidez não passavam de 20%. Hoje as chances chegam até a 60%!
O advento do ultrassom com grande definição, novos meios de cultura desenvolvidos de acordo com as necessidades de cultivo, melhorias enormes em microscopia, para citar algumas coisas hoje corriqueiras, fazem a história ter orgulho de onde chegamos e obviamente para onde continuaremos a caminhar.
Entretanto, novas tecnologias precisam de comprovação para uso clínico como solução técnica para melhores resultados.
Muitas vezes procedimentos e técnicas que parecem ser ótimas, podem ser revolucionárias, mas não comprovam sua eficácia ao longo dos tempos.
Lógico que elas promovem saltos tecnológicos que muitas vezes serão usados em outras variantes e são plenamente justificável sua utilização e desenvolvimento, embora possam não trazer benefícios para uso direto na prática clínica.
Hoje os tratamentos para engravidar e as técnicas de fertilização são mais conhecidas pelas pessoas, e há uma corrida às novas técnicas e clínicas oferecendo como diferencial de seu tratamento.
Você sabe o que é uma Clínica de Reprodução Humana?
Veremos a seguir algumas técnicas e suas repercussões no seu tratamento:
1. Inseminação artificial
Podemos dizer que seria de onde partimos para melhorar resultados. A separação e concentração em laboratório dos espermatozoides de melhor motilidade para utilizar em sincronia com sua ovulação, seriam o primeiro degrau. Resultam em chances em torno de 10-20% e necessitam de condições clínicas adequadas para sua realização.
2. Fertilização in vitro
Mesmo a técnica sendo utilizada como em sua idealização, muito se modificou em resultados perante materiais, meios e equipamentos que se adequaram melhor a fisiologia da reprodução.
Seria a fertilização no laboratório, dos óvulos colocados em cultivo com espermatozoides selecionados. Seus resultados hoje podem chegar aos 50%.
3. Assisted Hatching
Consiste na ruptura artificial da membrana externa do embrião, por meio de soluções ou laser para facilitar a implantação embrionária. Método que iniciou sua utilização em 1991, tem hoje facilitado a implantação principalmente em pacientes mais velhas e em descongelamento de embriões.
Basicamente, quem decide sua utilização é o embriologista, quando da manipulação embrionária.
4. Injeção intracitoplasmática de espermatozoides – ICSI
Em 1995, tivemos outra grande revolução nos tratamentos de reprodução humana com a ICSI, técnica mais avançada da fertilização convencional que utiliza apenas um espermatozoide injetado em cada óvulo.
Muitos casais que até agora teriam que utilizar material genético de doador, agora não precisariam mais, porque se tivermos um espermatozoide recuperado do ejaculado ou do testículo diretamente, podemos fazer o tratamento com chances ótimas de gravidez.
5. Maturação in vitro de óvulos – MIV
A maturação in vitro de óvulos pode ser realizada quando os óvulos já têm um certo desenvolvimento, aguardando o estágio de metáfase II para realizar a tentativa de fertilização. Técnica já utilizada há tempos como preconizada acima; para maturação completa dos óvulos, ainda não existem resultados satisfatórios.
6. Injeção intracitoplasmática com supermorfologia espermática – Super – ICSI ou IMSI
Alternativa da ICSI com escolha mais detalhada dos espermatozoides para fertilização dos óvulos.
Técnica com muitos serviços que a utilizam, mas que ainda não se comprovou definitivamente através de meta-analises de vários trabalhos com controle rigoroso científico, como um diferencial relevante.
7. Embryo glue
Seria um meio de cultura especifico para transferência embrionária com alguns componentes acrescidos, que melhorariam as chances de implantação.
Embora seja um meio bom de transferência, não se comprovou diferencial estatístico em seus resultados, comparados aos meios convencionais de transferência.
8. Monitoramento do desenvolvimento embrionário com câmeras 24hs – Timelapse
É uma evolução no laboratório para monitorar os embriões, facilitando tecnicamente os trabalhos de visualização das etapas do desenvolvimento embrionário.
Não se demonstrou estatisticamente um diferencial em resultados finais.
9. Transferência embrionária monitorada com ultrassom
Técnica que acompanha por imagem ultrassonográfica (US abdominal) a introdução do cateter no útero e localização precisa da marca onde os embriões são depositados intra-útero (o embrião é microscópico, mas é visível a marca do meio de cultura/ar, onde os embriões estão localizados).
Muito útil porque a paciente visualiza o que estamos fazendo, facilita definir o trajeto do cateter para alcançar a cavidade uterina com menos trauma endometrial e sofrimento da paciente.
10. Análise genética embrionária pré-implantação – PGD ou NGS
Técnica revolucionária que permite análise do material genético do embrião antes de sua implantação, identificando embriões com problemas genéticos na quantidade de cromossomos (Síndrome de Down, por exemplo) como também de sua constituição, como nas doenças gênicas de transmissão hereditária (Síndrome do X frágil, por exemplo).
Essa técnica não só evita a implantação de embriões acometidos de problemas genéticos como melhora ainda mais, as taxas de gravidez, pela transferência de embriões geneticamente saudáveis, trazendo resultados de até 60-70% de sucesso, mesmo em pacientes mais velhas, quando as chances caem rapidamente.
11. Cultivo embrionário até estágio de blastocisto
Habitualmente as transferências embrionárias são feitas entre 2º e 3º dia pós-coleta, para o útero materno, a melhor incubadora que existe.
Em determinadas circunstâncias pode se estender este cultivo até 5º dia, para termos embriões com mais células, por exemplo, para biópsia e estudo genético embrionário.
Só indicamos este procedimento quando temos muitos embriões, mais que 6 em cultivo, como forma de escolha natural dos embriões a serem transferidos, uma vez que em torno de 50% dos embriões, param seu desenvolvimento naturalmente quando em cultivo extendido.
Não há vantagem estatística em fazer este procedimento em todas as pacientes.
Conclusão
Quais técnicas devemos utilizar? Quando? Para quem? Todas as pacientes devem ser tratadas igualmente?
Muitos trabalhos provam o que seus idealizadores querem comprovar, o que nem sempre corresponde a benefícios.
Diferentemente, muitos trabalhos juntos, com muitos pacientes e com rigor científico, provam o que você deve incorporar na prática clínica, para benefício de seus pacientes.
Parece que com tantos avanços também conseguimos criar muitas dúvidas. Para isso vale a experiência clínica do médico que a acompanha, para a escolha e definição das técnicas e procedimentos a serem utilizados, melhorando suas chances de gravidez sem onerar seu tratamento e criar falsas ideias.
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