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A endometriose é uma doença originária do endométrio, que se aloja e cresce todo mês em outros locais, que não a parte interna do útero, onde é seu lugar correto de estar.

A presença de sangue fora dos vasos sanguíneos é interpretado pelo organismo como um sinal de alerta e daí seu principal sintoma, que é a dor, embora em muitos casos ela não ocorra.

A dor tem a característica de ser de forte intensidade, em cólica ou pontada, progressiva e pior principalmente no período menstrual. É mais comum nas pacientes em período fértil.

O tipo que ocorre na musculatura uterina (que se dá o nome particular de adenomiose) geralmente ocorre após uma gestação, e os de outra localização, em geral, estão associados à incapacidade de engravidar (infertilidade).

Também pode ocorrer a formação de cistos de sangue no ovário (endometriomas), que podem trazer sérias consequências para a função ovariana e é o motivo deste nosso artigo.

Os endometriomas , em pacientes de reprodução humana , precisam ser avaliados de que forma deverão ser tratados, porque se sabe diminuem a reserva ovariana.

Quando a opção for tratamento cirúrgico, uma das consequências ou inconvenientes, é a retirada de tecidos ovarianos sãos e que contém os óvulos sadios,  diminuindo assim,  ainda  mais a reserva ovariana. È uma encruzilhada muitas vezes difícil de se optar.

 

A opção de alcoolização de endometriomas vem ocupar um espaço muito interessante neste aspecto,  uma vez que preserva muito mais a reserva ovariana, além de diminuir  outros efeitos colaterais

Assim como os miomas , os primeiros relatos de utilização de álcool no tratamento de endometriose reportam a década de 80, e não foram especifícos para endometriose, sendo utilizado esporadicamente na ginecologia.

Também foram utilizados diversos medicamentos na via intra-cística , como interleucina-2 recombinante, metotrexato , progestágenos sintéticos, como levonorgestrel ou danazol, moduladores seletivos do receptor de progesterona, sem grandes efeitos positivos.

O melhor efeito relatado foi a utilização de álcool absoluto na escleroterapia dos endometriomas.

Trazemos aqui esta abordagem porque acreditamos ser, em reprodução humana, os melhores resultados futuros, por preservar melhor a vascularização e córtex ovarianos , condição crucial para resultados confiáveis, também pela simplicidade e  custo, uma vez que o tratamento visa preservar o maior números de óvulos possíveis para serem utilizados posteriormente.

 

Vantagens do procedimento

 

  • Procedimento tecnicamente fácil
  • Baixo risco de complicações
  • Técnica incruenta, sem cicatrizes
  • Preservação da fertilidade
  • Para endometriomas é variável, mas tecnicamente possível em endometriomas acima de 30-60 mm

 

Mecanismo de ação do álcool no tecido

A infiltração local de etanol acarreta

  • Lise da membrana celular,
  • Desnaturação protéica,
  • Oclusão vascular e
  • Morte celular ..

Efeitos colaterais da utilização do álcool

  • Intoxicação alcoólica
  • Utilização de Acetil cisteina prévia pode diminuir sintomas alcoólicos

Condições preliminares para realização da técnica

  • Avaliação ultrassonográfica trasnvaginal
  • Utilização do doppler para avaliar circulação ovariana
  • Punção com agulha,  guiada por ultrassom, via transvaginal
  • Utilização de álcool absoluto 99% estéril em ampolas de 10 ml
  • Avaliar volume ovariano para cálculo do volume de álcool a ser utilizado
  • Preconizado seria 50% do volume do cisto e retirada do material após 10 minutos de injeção, para preservar o tecido são ovariano.
  • Atentar para níveis de toxicidade do álcool
  • Tempo médio de 15 minutos de procedimento
  • Manter observação em recuperação para avaliação de intoxicação alcoólica e dor

Efeitos colaterais da utilização de álcool absoluto

  • Sintomas de intoxicação alcoólica ( 5% dos casos )
  • Dor pós-operatório imediato (20 % dos casos )
  • Infecção  ( embora seja relatado em alguns trabalhos, não temos visto novos relatos em trabalhos mais atuais e em nossa casuística )
  • Literatura indica baixo índice de complicações

Efeitos benéficos na abordagem dos cistos endometrióticos

  • Preserva melhor a reserva ovariana que em laparoscopia
  • Melhora a dor,
  • Cistos menores respondem melhor,
  • Não muda Ca125,
  • Melhora contagem de folículos antrais, se fizer remoção do álcool pós- procedimento, e piora se fizer retenção do álcool.

Quando se realiza a alcoolização do endometrioma, diminui muito sua irrigação sanguínea, que suporta seu desenvolvimento e pode resolver a doença ou estabilizar em seu volume.

Ainda outra grande vantagem é que não se faz uma cicatriz ovariana, diminuindo as chances de alterar sua reserva ovariana.

Entre em contato para uma avaliação e esclarecimento de dúvidas.

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