O que é Esclerose Múltipla?
A Esclerose Múltipla (EM) é considerada uma doença auto-imune em que o sistema imunológico passa a atacar a cobertura dos nervos, denominada de mielina, uma capa protetora das células nervosas com algumas funções, dentre elas a de melhorar a transmissão do impulso nervoso. Por isso dá-se o nome de doença desmielinizante.
Este dano interfere na comunicação entre o cérebro, medula espinhal e outras partes do organismo, ocasionando os sintomas relacionados a doença. É doença potencialmente grave.
Quais são os sintomas?
Muitas vezes pode ser demorado seu diagnóstico, pois na forma mais comum da EM, os sintomas aparecem e desaparecem com intervalos de meses ou mesmo anos entre as manifestações, levando o indivíduo a não procurar assistência médica ou por não valorizá-los corretamente.
Geralmente os sintomas variam de acordo com a intensidade e a localização das áreas de inflamação no sistema nervoso. Sua evolução é variada podendo ocorrer ao longo de muito tempo com diversos graus de acometimento, e seus sintomas são:
- Formigamento
- Adormecimento
- Perda de equilíbrio
- Fraqueza em um ou mais membros
- Visão turva ou dupla
Os sintomas menos comuns podem incluir:
- Fala arrastada
- Início rápido de paralisia
- Falta de coordenação
- Problemas com pensamento e processamento de informações
Caso haja progressão da doença, outros sintomas podem incluir sensibilidade ao calor, fadiga, mudanças no pensamento ou percepção e distúrbios sexuais.
O que causa a esclerose múltipla?
Os especialistas ainda não entendem completamente o que causa a esclerose múltipla, mas há evidências importantes que sugerem que existem múltiplas causas:
- a genética,
- o ambiente em que vive a pessoa,
- e possivelmente até mesmo um vírus possa desempenhar algum papel.
Da genética existem chances de um componente hereditário (transmitida de pais para filhos), embora o risco seja baixo. Por exemplo, irmãos de uma pessoa afetada têm um risco de 2% -5 .% de desenvolver esclerose múltipla.
Existiria uma predisposição genética para reagir a algum agente ambiental que, após a exposição, desencadeia uma resposta auto-imune.
Além disso, alguns estudos sugerem que muitos vírus como o do sarampo, herpes e os vírus da gripe podem estar associados com a EM. Até o momento, no entanto, essa ligação não foi comprovada cientificamente.
Como é feito o diagnóstico de EM?
A esclerose múltipla (EM) pode ser considerada um desafio na prática diária do médico neurologista, devido às suas manifestações clínicas e evolutivas, com potencial de incapacitar adultos jovens economicamente ativos.
Na presença de manifestações clínicas e de imagens típicas ao estudo por ressonância magnética, o diagnóstico acaba sendo feito com relativa facilidade por um neurologista bem treinado.
Porém, muitas vezes não é isso o que acontece, incorrendo em atraso ou ainda em erros no diagnóstico, o que leva a uma inadequada estratégia terapêutica e consequente prejuízo à saúde dos pacientes.
A limitação da abordagem diagnóstica atual se baseia no fato de não existir um marcador clínico ou laboratorial que possa garantir ou excluir o diagnóstico da EM, de maneira inequívoca.
Enquanto as técnicas de imagem são de particular importância para demonstrar lesões características de desmielinização, a análise do líquido cefalorraquidiano (ou líquor) demonstra uma inflamação crônica no sistema nervoso central, com características próprias da doença, se constituindo como ferramenta fundamental na fase investigativa da doença.
A maioria das doenças inflamatórias do sistema nervoso central são caracterizadas pela síntese de uma proteína, denominada de imunoglobulina (IgG), e por isso, essa síntese não é característica única de uma determinada doença, mas pode corroborar para o diagnóstico clínico aventado.
Como é tratado o surto de esclerose múltipla?
Em geral os surtos (exacerbações) são tratados com corticóides em doses altas (chamadas de pulsoterapia) por via endovenosa por curtos períodos de tempo (3 a 5 dias), devido ao seu potente efeito anti-inflamatório. Com isso consegue-se acelerar a recuperação dos sintomas. Nos surtos mais brandos seu neurologista pode optar por doses mais baixas, por via oral, sendo suficientes. Eventualmente pode mesmo não usar os corticóides, aguardando uma recuperação espontânea, caso tenha conhecimento de como seu organismo deve responder ao surto em questão.
Gravidez e esclerose múltipla
A esclerose múltipla (EM) é uma doença que mais frequentemente acomete mulheres jovens. A EM pode começar em qualquer idade e em ambos os sexos, mas o mais comum é observar mulheres na faixa de 20 a 30 anos apresentando os sinais e sintomas iniciais da doença.
Esta é habitualmente a faixa etária em que a mulher decide e se programa para a maternidade.
Existem dúvidas com relação à doença, às possíveis complicações da gravidez e do parto, às questões relacionadas às medicações e também existe a incerteza de como a gravidez pode interferir na evolução da esclerose múltipla.
Apenas algumas décadas atrás, mulheres com esclerose múltipla eram desencorajadas de ter filhos.
Hoje sabemos que a esclerose múltipla não tem contraindicação para a gravidez, e que a gravidez não influencia negativamente a esclerose múltipla.
Na verdade, as mulheres que engravidaram durante o curso da esclerose múltipla parecem ter melhor evolução da doença do que aquelas que não engravidaram. A gravidez teria, portanto, um papel inclusive protetor sobre as mulheres com esclerose múltipla.
Talvez a maior dúvida das pacientes, de seus familiares, dos médicos e de toda a equipe de saúde, seja relativa ao uso de medicações para esclerose múltipla em mulheres grávidas.
A situação de gravidez ideal seria aquela em que a paciente está livre de surtos e de alterações na ressonância magnética há pelo menos dois anos.
Nesta situação, talvez se possa parar a medicação de uma paciente que queira engravidar para que ela tenha a concepção sem efeito de nenhum remédio. No entanto, havemos de convir, esta situação é muito rara. Nem toda gravidez é assim planejada e nem todas as pacientes estão assim tão estáveis que possam ficar sem tratamento tentando uma gravidez.
De maneira geral, uma mulher grávida que tenha esclerose múltipla recebe a recomendação de parar com as medicações. Isto não é especificamente pelo risco que estes tratamentos trariam ao feto, mas sim porque, durante a gravidez, os surtos de esclerose múltipla diminuem significativamente.
Raros são os casos em que os neurologistas precisam utilizar tratamento para evitar ou tratar surtos em mulheres grávidas, mas é preciso que a paciente esteja ciente que o risco não é zero.
Algumas mulheres podem precisar de tratamento porque têm um caso de mais difícil controle. Nestes casos, cabe ao médico neurologista utilizar medicamentos conhecidos há mais tempo e relatados como sendo seguros na gravidez. Nenhum medicamento é ideal nesta situação, mas existem tratamentos de baixo risco que podem ser utilizados se necessário for.
Por fim, é importante que a mulher saiba que, após o parto, seu risco de ter surtos de esclerose múltipla aumenta nos primeiros meses. Não existem evidências científicas que o tratamento com corticoides ou com imunoglobulina após o parto impeça estes surtos.
A amamentação exclusiva, por outro lado, parece proteger a paciente dos surtos nesse momento inicial de sua vida ao lado de seu bebê.
EM e Reprodução Assistida
Por tudo que vimos, pensar em gravidez, após um diagnóstico de uma doença que pode ser potencialmente grave e de difícil controle, exige bom senso.
Uma vez feito o diagnóstico, tendo um neurologista experiente e acompanhando um tempo seguro de evolução da doença, podemos pensar que a reprodução humana assistida poderá auxiliar muito estes casais a trazer segurança para este momento.
Em estados de remissão e controle da doença seria o melhor momento para uma gravidez, e poderíamos facilitar e aumentar as chances de gravidez realizando uma fertilização in vitro.
O tempo de estimulação ovariana é rápido demorando em torno de dez dias até a coleta dos óvulos; a realização da transferência embrionária ultrapassa uma série de etapas e aumenta as chances de gravidez em até 5 vezes, e o congelamento de embriões excedentes, traria uma segurança de repetição de outras transferências, sem necessidade de novas estimulações ovarianas.
Colocaríamos a gravidez em momento certo de uma melhor condição clínica da EM, aumentando suas chances e diminuindo as medicações e intercorrências de uma doença crônica e degenerativa com muitas perguntas sem resposta.
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Artigo baseado em informações do site esclerosemultipla.com.br