Pacientes com malformações no útero têm taxas mais altas de perda reprodutiva ou dificuldade para engravidar, parto prematuro, apresentação pélvica e complicações que aumentam a intervenção obstétrica e a mortalidade perinatal.
Como se forma o útero?
A formação do útero ainda quando o bebê está na barriga da mãe, tem uma característica muito importante para entender as malformações uterinas. As trompas, útero e terço superior da vagina têm a mesma origem embriológica, os dutos de Müller, que se juntam na linha mediana para formar o útero.
Vale dizer que o útero se forma em duas partes – dois hemiúteros, que se unem na linha mediana e há a regressão do septo que originou esta junção.
Quais as causas de malformações uterinas?
Malformações uterinas podem ocorrer com diversas formas, em decorrência da altura em que paralisou a junção dos dutos mullerianos, mas o que interessa é que elas diminuem a cavidade uterina, dificultando o desenvolvimento embrionário e causando o parto prematuro.
Também podem causar a Incompetência Istmo Cervical, uma dificuldade que dilata o colo uterino antes do final da gestação, desencadeando um parto prematuro. Isso ocorre porque as fibras musculares uterinas quando se formam no colo uterino, tem uma estruturação circular, que com o aumento da pressão, pelo aumento do volume uterino, fecham o colo uterino.
Com a modificação anatômica proveniente da malformação, esta função fica prejudicada, e ocorre a dilatação do colo quando começa a aumentar a pressão intrauterina pela gestação.
Tipos de malformações uterinas e tratamento
As alterações mais frequentes são o útero arqueado ou septado, condições em que o volume da cavidade uterina, ou não precisa ser mexida ou cirurgicamente devolve-se uma cavidade uterina de tamanho adequado para evolução normal da gravidez.
A correção cirúrgica se faz por endoscopia ginecológica – a videolaparoscopia para visualização por filmagem da parte externa do útero e a videohisteroscopia, procedimento sem cortes externos no útero, que corrige internamente a malformação, filmando a cavidade através de uma ótica, a câmera e instrumentos cirúrgicos que passam pelo colo uterino. O resultado final é excelente, podendo ocorrer a gravidez após 3 meses, até espontaneamente.
Outras variantes como o útero bicorno, didelfo, unicorno com um ou dois colos uterinos, não são cirúrgicos, o que significa que não teremos condição de intervir para melhorar as chances de gravidez.
Às vezes, a natureza faz isso espontaneamente. Muitas pacientes engravidam espontaneamente com malformação uterina e descobrem, por exemplo, na hora da cesárea, significando que não interferiram na evolução da gestação; ou perdem gestações pregressas sucessivas, que fazem este útero por ação hormonal, aumentarem o volume até uma condição que é possível sustentar uma gestação, senão até o tempo certo, até a viabilidade fetal mesmo que de um parto prematuro.
Como é feito o diagnóstico de malformações no útero?
O diagnóstico se faz por:
- Ultrassom com 4D que lhe dá uma imagem tridimensional da forma uterina e sua cavidade,
- Histerossalpingografia – exame radiológico contrastado que delimita a cavidade,
- Ressonância magnética – exame de imagem bastante preciso para definir a anatomia da pelve feminina
- Endoscopia ginecológica – procedimento padrão ouro para definição da condição e possibilitando muitas vezes já seu tratamento.
A história clínica de suspeita pode não ocorrer, ou seja, é completamente assintomática. Podem ocorrer modificações menstruais com dor e alterações no fluxo e perdas gestacionais anteriores, desde aborto tardio até partos prematuros recorrentes.
É muito importante este diagnóstico já na avaliação clínica prévia de investigação da infertilidade, uma vez que é possível tratamento que melhora os resultados finais.
Todas as pacientes com malformação uterina têm infertilidade?
Não. Provavelmente uma pequena parte são as que chegam às clínicas de infertilidade. Como já foi dito, muitas vezes estas alterações não impedem uma gestação normal, outras terão que fazer uma cirurgia que corrige perfeitamente a anatomia uterina, e ainda temos o grupo de pacientes que infelizmente não teremos procedimento a fazer.
Para estas, resta a alternativa de tratamento hormonal para desenvolvimento uterino, às vezes realizado naturalmente com as perdas sucessivas até que atinjam um volume adequado para levar a gravidez adiante e ainda temos a possibilidade da barriga de aluguel – uma parente próxima (mãe, irmã, tia ou prima) que gestará um embrião feito por fertilização in vitro com óvulo e espermatozoide do casal, mas transferido para um útero normal de parentes.
Caso você está tentando engravidar sem sucesso a mais de 12 meses, é importante consultar um especialista para avaliar quais as causas da infertilidade.
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