Continuando nossa série de posts sobre a Otimização da Fertilidade Natural, hoje vamos falar sobre dois assuntos muito importantes, as Práticas Cotidianas e Dieta e Estilo de Vida.

Caso tenha perdido, leia nossa primeira e segunda publicação.


PRÁTICAS COTIDIANAS

As rotinas pós-coito podem se tornar ritualizadas para conceber. Embora muitas mulheres pensem que  repouso  após a relação sexual facilita o transporte de esperma e previne o vazamento de sêmen da vagina, a crença não tem fundamento científico.

Os espermatozóides depositados no colo do útero alcançam as trompas de falópio dentro de 15 minutos . Além disso, os espermatozoides atravessam a trompa de falópio e são expelidos para o peritônio  na cavidade abdominal em vez de coletar na porção ampolar das trompas de Falópio.

Estudos nos quais  partículas colocadas no fórnice vaginal posterior, em diferentes intervalos, evidenciou seu transporte para as trompas de falópio dentro de apenas 2 minutos durante a fase folicular .É interessante que as partículas foram observadas apenas na tompa adjacente ao ovário contendo o folículo dominante e não na tuba contralateral. O número de partículas aumentaram com o tamanho do folículo dominante e após administração de ocitocina, para simular o aumento desta,  observado em mulheres durante a relação sexual e orgasmo.

Não há evidências de que a posição coital afeta a fecundabilidade.

Os espermatozóides podem ser encontrados no canal cervical após a ejaculação, independentemente da posição coital.

casal fertilidade - MaisFert

Embora o orgasmo feminino possa promover o transporte de esperma, não há relação conhecida entre orgasmo e fertilidade. Também não há evidências convincentes para indicar qualquer tipo de relação coital específica.

Alguns lubrificantes vaginais podem diminuir a fertilidade. Seus efeitos podem ser observados na sobrevivência de espermatozóides in vitro. Enquanto  lubrificantes à base de água comercialmente disponíveis (por exemplo K-Y gel [Johnson & Johnson] ) inibem a motilidade espermática In vitro em 60% a 100% dentro de 60 minutos de incubação, o óleo de canola não tem efeito prejudicial semelhante. K-Y gel, azeite e saliva diluídos em concentrações até mesmo tão baixas quanto 6,25% afetam adversamente a motilidade e velocidade dos espermatozóides, mas óleo mineral não tem esse efeito.

Os lubrificantes à base de hidroxietilcelulose, também não têm efeitos adversos demonstráveis nos parâmetros do sêmen.

Embora alguns lubrificantes afetem adversamente os parâmetros espermáticos in vitro, o uso de lubrificantes em casais que tentam concepção demonstrou não afetar o ciclo de fertilidade.

Dado os diferentes efeitos dos lubrificantes in vitro comparado com a prática, parece prudente recomendar óleo mineral, óleo de canola, ou lubrificantes à base de hidroxietilcelulose quando são necessários.

DIETA E ESTILO DE VIDA

As taxas de fertilidade são diminuídas em mulheres que são muito magras ou obesas, mas os dados relativos aos efeitos das variações normais da dieta na fertilidade em mulheres ovulatórias são poucos.

Considerando que um estilo de vida saudável pode ajudar a melhorar mulheres com disfunção ovulatórias, há poucas evidências que variações alimentares, como dietas vegetarianas, dietas com baixa gordura, dietas enriquecidas com vitaminas, antioxidantes ou remédios fitoterápicos melhorem a fertilidade.

Níveis elevados de mercúrio no sangue provenientes do grande consumo de frutos do mar são associados à infertilidade.

Mulheres que estão tentando engravidar devem ser aconselhadas a tomar um suplemento de ácido fólico (pelo menos 400 mcg diariamente) para reduzir o risco de defeitos do tubo neural, sistema nervoso central e defeitos de face.

FUMO

Fumar tem efeitos adversos substanciais sobre a fertilidade.

Fumo - MaisFertUma grande meta-análise comparando 10.928 mulheres fumantes com 19,128 mulheres não fumantes descobriu que mulheres fumantes são significativamente mais prováveis de serem inférteis.

A observação que a menopausa ocorre, em média, 1 a 4 anos antes nas fumantes, do que em mulheres não fumantes, sugere que o tabagismo acelera a taxa de depleção folicular.

O tabagismo também está associado a um aumento do risco de aborto espontâneo, tanto em gestações naturais ou resultantes das tecnologias de reprodução assistida. Embora ocorra diminuição da concentração, motilidade e anormalidades na morfologia dos espermatozoides, os dados disponíveis não foram conclusivos em dizer que fumar diminui a fertilidade masculina.

ÁLCOOL

Os efeitos do álcool sobre a fertilidade feminina não foram claramente estabelecidos. Considerando que alguns estudos concluíram que álcool tem um efeito prejudicial, outros têm sugerido que álcool pode aumentar a fertilidade.drinks-maisfert

Uma pesquisa prospectiva de 7.393 mulheres em Estocolmo observou que o risco de infertilidade foi significativamente aumentado entre as mulheres que consumiram 2 doses / dia e diminuiu para aquelas que consumiram menos de 1 dose por dia. Outros estudos mostram tendência para o aumento do consumo de álcool e diminuição da concepção.

Em contraste, os dados obtidos por auto relato de 29.844 mulheres grávidas dinamarquesas sugeriram que o tempo até a concepção foi mais curto para as mulheres que bebem vinho do que para as mulheres que não consomem álcool.

No entanto, um estudo com 1.769 mulheres italianas pós-parto não encontrou relação entre consumo de álcool e dificuldade em conceber.

Níveis mais elevados de consumo de álcool (> 2 doses / dia,1 dose > 10 g de etanol) provavelmente são prejudiciais para a gravidez, mas há evidências limitadas para indicar que o consumo mais moderado de álcool afeta adversamente a fertilidade. Naturalmente, o consumo de álcool deve cessar completamente durante a gravidez, porque o álcool tem efeitos prejudiciais bem definidos no desenvolvimento fetal, e nenhum nível “seguro” de consumo de álcool foi estabelecido.

Nos homens, o álcool não tem efeitos adversos nos parâmetros do sêmen.

CAFEÍNA

Altos níveis de consumo de cafeína (500 mg, > 5 xícaras de café / dia ou seu equivalente) foram associados ao decréscimo da fertilidade.

Durante a gravidez, o consumo de cafeína ao longo de 200 a 300 mg / dia (2-3 xícaras / dia) pode aumentar o risco de aborto espontâneo, mas não afetam o risco de anomalias congênitas.

Num ensaio envolvendo 1.207 mulheres que foram aleatoriamente distribuídas para beber café descafeinado versus cafeinado (pelo menos 3 xícaras / dia) durante a gestação, não foram observadas diferenças entre os dois grupos na idade gestacional, peso infantil, comprimento, perímetro cefálico ou abdominal.

Em geral, o consumo moderado de cafeína (1 a 2 xícaras de café por dia ou seu equivalente) antes ou durante a gravidez não apresenta efeitos adversos aparentes sobre a fertilidade ou gravidez.

A cafeína para os homens não afeta parâmetros seminais.

OUTRAS CONSIDERAÇÕES

Os efeitos da maconha e de outras drogas recreacionais são difícil de determinar porque o seu uso é ilegal. Mesmo assim, o uso de drogas geralmente deve ser desencorajado tanto para os homens como para mulheres, particularmente porque eles têm efeitos nocivos sobre o feto em desenvolvimento.

Um estudo descobriu que a prevalência de infertilidade aumentou em mulheres ovulatórias que relataram usar maconha.

O uso de maconha não tem efeito sistêmico sobre os parâmetros do sêmen.

Uma revisão da literatura concluiu que o banho de sauna não diminui a fertilidade feminina e é seguro durante a gravidez.

Em homens normais, as recomendações para controlar ou diminuir a exposição dos testículos a fontes de calor não são suportadas.

A exposição a poluentes e tóxicos ambientais vem sendo reconhecida como uma causa potencial de redução da fertilidade.

A fecundidade pode diminuir em mulheres expostas a toxinas e solventes, tais como os utilizados na lavagem a seco e indústrias gráficas e os homens expostos a metais pesados ​​podem estar mais propensos a apresentar parâmetros anormais do sêmen. Exposição a pesticida pode ser uma preocupação para os trabalhadores agrícolas.

Uma recente meta-análise descobriu que tanto homens como mulheres diminuem sua fertilidade quando aumentam sua exposição a pesticidas.

Além disso, estudos com animais, demonstrou claramente que as exposições ambientais têm consequências reprodutivas importantes. Por exemplo, a exposição a chumbo e micro-ondas industriais devem ser evitados ou minimizados.

Prescrição e medicamentos de venda livre devem ser cuidadosamente controlados e devem ser ingeridos com cautela.


Outros textos da série:

Parte 1 – Fertilidade e Envelhecimento, Frequencia de Relações Sexuais

Parte 2 – Janela da Fertilidade e Monitorando a Ovulação

Parte 4 – Recomendações

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