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Um pouco de história do DIU

 

O dispositivo intrauterino ( DIU ) é considerado como um método anticonceptivo moderno, muito embora haja referências de seu uso desde a antiguidade.

Segundo a história, Hipócrates , em torno do ano 400 a.C, inseria objetos no útero com a ajuda de um tubo de chumbo. Sabe-se que na antiguidade, os beduínos colocavam pedras na vagina das camelas,  para não engravidarem,  durante as travessias do desertos.
Em 1962 , o Population Council, por sugestão de Alan Guttmacher, então presidente da Planned Parenthothood Federation of America (PPFA), organizou a primeira conferência internacional sobre DIU na cidade de New York . Foi nesse conclave que Jack Lippes, de Buffalo, apresentou sua experiência com seu dispositivo, que possuía cauda única filiforme e que veio a se tornar o DIU mais empregado nos Estados Unidos e no mundo.

Em 1969 , Jaime Zipper idealizou o DIU T de cobre e inaugurou a nova geração de DIUs , os medicados em contraposição com os inertes.

Os DIUs liberadores de cobre , embora adicionando uma nova dimensão na contracepção intrauterina  não resolveram, até a presente data, o problema das irregularidades menstruais, fator mais importante da remoção e substituição do método.

Em 1976, o italiano Antonio Scommegna foi protagonista do primeiro DIU com hormônios da atualidade,  o Progestasert, primeiro DIU hormonal, mas teve pouca aceitação em todo o mundo.

Duas décadas após o finlandês Tapani LuuKainnen, trabalhando no mesmo conceito do Prof Scommengna, apresentou a classe médica um DIU medicado com levonorgestrel que poderia ser mantido por 5 anos.

DIU hormonal libera continuamente uma pequena quantidade do hormônio progesterona, responsável por alterações na ovulação.

Além disso, ele pode trazer benefícios como a redução do sangramento menstrual e tratar doenças bastante atuais associadas a reprodução humana, a endometriose e miomas.

Muitas vezes será importante o tratamento hormonal para estas doenças antes ou no decorrer dos tratamentos reprodutivos.

 

O que é DIU hormonal?

 

DIU hormonal é um dispositivo muito pequeno, feito de plástico em forma de T e que contém uma reserva de  medicação de liberação lenta, o hormônio que queremos ( levonorgestrel ), e ele colocado no interior do útero,  libera continuamente uma pequena quantidade do hormônio progesterona. Além disso, trata-se de um método contraceptivo de longa duração, ou seja, uma vez aplicado, ele permanece atuando por longos períodos.

O DIU hormonal também pode ser usado como tratamento em casos de mioma, endometriose e adenomiose, um tipo especial de endometriose localizada na musculatura uterina.

 

Como  é seu mecanismo de ação?

O DIU hormonal atua por meio da liberação constante e regular de um hormônio chamado levonorgestrel (um tipo de progesterona) dentro do útero. Assim, a progesterona provoca uma certa alteração no muco cervical, na motilidade (movimento autônomo) das tubas uterinas e no endométrio (tecido que reveste o útero).

Com isso, o DIU impede a entrada dos espermatozoides no útero, provoca atrofia do endométrio e dificulta a implantação do embrião. Ele não impede a ovulação de ocorrer.

 

Quais são as marcas de DIU hormonal disponíveis no Brasil?

 

No Brasil, temos duas opções: o DIU Mirena e o DIU Kyleena.

DIU Mirena

Foi o primeiro a chegar ao mercado brasileiro. Atua pela liberação gradual de pequena quantidade do hormônio levonorgestrel.

Segundo o fabricante, o Mirena “faz o controle do desenvolvimento da camada de revestimento do útero (endométrio) de forma que esta não fique suficientemente espessa para possibilitar gravidez, além de promover o espessamento do muco normal no canal cervical (abertura para o útero), de forma que o espermatozoide encontre dificuldade para entrar no útero e fertilizar o óvulo”.

Mirena tem vida útil de cinco anos dentro do corpo da mulher.

DIU Kyleena

A pronúncia correta é “cailina”. Caracteriza-se pelo tamanho reduzido e por liberar uma dose ainda menor do hormônio levonorgestrel em relação à outra marca disponível no Brasil.

Segundo o fabricante, o uso de Kyleena, assim como o de Milena, provoca o espessamento do muco cervical, o que “previne a passagem dos espermatozoides através do canal cervical. Modificam as condições locais uterinas, o endométrio e das tubas uterinas, inibindo a função e a mobilidade dos espermatozoides, evitando a fertilização”.

Kyleena tem vida útil de cinco anos dentro do corpo da mulher.

É indicado para mulheres mais sensíveis à ação da progesterona ou que têm útero pequeno. Justamente por liberar menos hormônios gradualmente, tem como efeito colateral, maior incidência de sangramento irregular após sua colocação.

 

Quais são suas vantagens ?

 

  • Melhoram a cólica menstrual;
  • Apresentam um dos menores índices de falhas de todos os contraceptivos;
  • Não dependem da mulher tomar ou aplicar para que funcionem;
  • Não prejudicam a fertilidade futura;
  • Podem ser usados no tratamento de endometriose e miomas
  • Podem ser utilizados por mulheres com alto risco de trombose, diferentemente das pílulas anticoncepcionais combinadas.
  • Em pacientes que querem realizar o congelamento de óvulos para preservação da fertilidade, não é necessário sua retirada para realizar o tratamento.

 

Quais são suas desvantagens ?

 

  • A colocação e a remoção podem gerar dor forte, especialmente na colocação, porque são maiores que os DIUs convencionais não medicados ; A forma eficiente de resolver este inconveniente, é colocá-lo com sedação leve.
  • Sangramento irregular, imprevisível e constante, especialmente nos primeiros seis meses após a colocação;
  • Algumas mulheres podem apresentar modificações hormonais, que causam sintomas como cefaleia e acne;
  • Mesmo que raramente, pode ocorrer acidentes durante sua inserção, como a colocação na musculatura uterina ou acontecer a perfuração do útero;
  • O DIU pode ser expulso ou se deslocar, necessitando de seguimento médico.

 

Quem não pode usar DIU hormonal?

 

  • Mulheres que apresentam quadros de infecção aguda no útero ou trompas;
  • Pacientes com câncer de colo de útero ou com tumores dependentes de progesterona;
  • Portadoras de doenças hepáticas agudas ou tumores de fígado.
  • Portadoras de outras condições médicas graves ou incomuns, devem ser avaliadas antes da opção pelo DIU como método anticoncepcional.

Vale ressaltar que o DIU não protege contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como HIV e HPV.

 

O DIU hormonal altera a menstruação?

 

O DIU hormonal leva a uma redução progressiva do fluxo menstrual. A maioria das mulheres que utiliza o dispositivo para de menstruar.

O DIU medicado pode ser uma ótima opção tanto com anticoncepção como para tratamento de algumas doenças ginecológicas, ou como preparo para tratamentos reprodutivos.

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