O que é o Endométrio?
O endométrio é a camada interna do útero, que todo mês se prepara para receber um embrião. Caso isso não aconteça, não há a manutenção dos hormônios gerada pelo embrião e com o decréscimo natural de seus níveis, ocorre a descamação endometrial – você menstrua, indicando que não houve implantação e logo começa a se preparar para nova tentativa.
Isso quer dizer, o ciclo menstrual é um intervalo de tempo, onde o corpo feminino se prepara para uma gravidez. Todo mês há o comando cerebral do hipotálamo, que administra a hipófise e estimula inicialmente a produção do FSH – hormônio folículo estimulante, o responsável pelo amadurecimento do óvulo.
A cada ciclo são recrutados 1.000 óvulos, para que um amadureça e ovule; os outros 999 se perdem, ou atrofiam e não serão aproveitados. É por isso que, um dia, acabam entrando na menopausa. Também está implícito que se acabam, também envelhecem junto com o corpo, e perdem a capacidade de formar embriões, com a carga genética saudável, para formar um embrião, que vira nenê.
Aliás, é isso que os hormônios fazem com os óvulos – permitem que ele se transforme em uma célula com metade da carga genética, 23 cromossomos, para se juntar com os 23 cromossomos do espermatozoide e novamente formar uma célula com 46 cromossomos, número habitual de cromossomos de uma célula adulta.
Essa mistura de carga genética é muito saudável e responsável por toda diversidade genética da raça humana- por isso somos todos diferentes, é aleatório e não se repetem, mesmo vindo do mesmo pai e da mesma mãe!
Hormônios e a ovulação
Bom, junto com isso, no folículo, existem o óvulo e as células responsáveis pela produção dos hormônios femininos – estrógeno e progesterona, que lhe dão as características femininas e responsáveis por grandes modificações em seu corpo, inclusive pela resposta aos eventos da ovulação.
Por que a endometriose atrapalha a engravidar?
O estrógeno é responsável pelo espessamento do endométrio, por ele crescer e quando está acima de 7 mm, se considera que as chances de gravidez são adequadas. Além disso, dá o comando de volta para a hipófise, para iniciar o aumento do LH – hormônio luteinizante, que será o responsável pela ovulação, quando ocorre sua produção máxima, o pico no meio do ciclo, indicando que o ovulo maduro está com metade da carga genética e pode sair do ovário para se encontrar com o espermatozoide, logo ali, ao lado do ovário, perto da porção terminal das trompas.
Após o pico de LH e saída do óvulo do folículo, este se transforma no corpo lúteo, local no ovário que se transformará no grande produtor de progesterona, o hormônio responsável pela transformação no endométrio dito secretor, um tecido que secreta substâncias nutritivas, de proteção e facilitadoras da implantação de um embrião que está por vir, lá de suas trompas.
Vimos então que na natureza há uma sincronização de eventos até a maturação do óvulo e consequente fertilização:
- Os hormônios cerebrais comandam a glândula hipófise,
- Que comanda os ovários,
- Que amadurecem o ovulo e produzem hormônios,
- Que preparam o endométrio para receber um embrião,
- Que se fertilizará e chegará ao endométrio entre 5-7 dias após sua formação (fertilização), prontinho para se implantar.
Neste estágio, o embrião tem grande diferenciação ocorrendo em sua massa celular, uma parte se tornando o embrião propriamente dito e outra nos anexos – placenta, membranas, cordão umbilical e vesícula vitelínica.
A placenta que será a grande responsável pela produção dos hormônios, que manterão a gravidez até seu final, um milagre de Deus, que permite que após os primeiros meses de gestação, até uma mulher na menopausa consiga levar uma gestação até o final, se fizermos em momento certo, o papel destes hormônios ovarianos, que se acabaram pela menopausa.
Fica bem claro que são necessários uma sequência de acontecimentos, que sincronizam o tempo do embrião e do endométrio, para que possam se reunir no milagre da vida. Se o endométrio não estiver no tempo certo e sincronizado com o tempo de vida do embrião, não ocorrerá a implantação embrionária.
Preparo endometrial
Quando em ciclo natural ou estimulado pelos próprios hormônios iguais ao que a mulher fabrica, naturalmente isso ocorre, há uma sincronização entre o amadurecimento do óvulo e preparo endometrial, para estar no momento certo de implantação.
Mas também podemos fazer isso em ciclo substitutivo, ou seja, se escalonarmos a ingestão de estrógeno e depois progesterona, também conseguiremos preparo endometrial ideal à implantação embrionária, sem que ocorra a estimulação ovariana para amadurecimento ovular. Basta a ingestão de estrógeno e progesterona em sequência definida e acompanhada por ultrassom, para que consigamos sincronizar o tempo do endométrio, com o tempo de vida do embrião congelado, que será implantado em outra tentativa, sem ser a fresco.
Isso é o preparo endometrial, sincronizar o tempo de vida do embrião e estágio endometrial para ficar com as características desejáveis, como em ciclo natural, permitindo o máximo de chances de implantação embrionária. Sem esse preparo as chances de gravidez são mínimas, com esse preparo são máximas!
Lógico que este preparo pode ser feito em ciclo natural. Ou seja, acompanhamos um ciclo normal, sem uso de hormônios, identificamos o dia da ovulação e calculamos o dia de implantação do embrião, como se você fertilizado naquele ciclo, embrião e endométrio no mesmo tempo, chance ótima de gravidez.
Vimos aqui então, que é possível engravidar sem ser com embrião a fresco. O congelamento de embriões é uma arma potente de potencialização de chances, porque podemos fazer vários embriões em um ciclo de fertilização in vitro, e posteriormente preparamos o endométrio para novos descongelamentos, sem ter que fazer tudo de novo; e com chances sempre ótimas de gravidez, porque o congelamento não modifica as características originais do embrião- se for um embrião com a carga genética saudável, terá as mesmas chances de gravidez que a fresco.
Aliás, ao contrário, permite que a paciente mais velha e que teria menores chances de gravidez retenha as mesmas chances de quando mais jovem. É esse raciocínio também utilizado a incentivar cada vez mais o congelamento de óvulos em pacientes jovens, para formar embriões com a carga genética de jovens, mais facilmente saudáveis e possíveis de sucesso.