A reprodução humana assistida tem tido um grande impulso em tecnologia e aceitação pela população em geral.

O marco inicial foi em 1978, com o nascimento da primeira bebê de fertilização in vitro, no mundo. De lá para cá muita coisa mudou, os meios de cultura, aparelhos de laboratório e ultrassom, hormônios tiveram grande avanço traduzidos em melhor eficiência, passando de 10-20% para até 70% de chances de gravidez em tratamentos mais específicos e evoluídos.

Uma característica interessante dos tratamentos de reprodução assistida foi que conhecendo cada vez mais a fisiologia humana, percebeu-se que nem sempre seria possível se fazer um diagnóstico reprodutivo, embora muitos avanços esclareceram problemas desconhecidos e hoje são simples de se encarar.

Isso foi um marco na orientação dos tratamentos de reprodução que tomam como base toda a sequência de acontecimentos de um ciclo normal ovariano para se conseguir uma ovulação, fertilização e implantação embrionária. O que facilitou foi que a proposta de tratamento visa acompanhar e pular etapas já conhecidas do processo, pulando problemas diagnosticados.

O grande interesse nesta abordagem é que embora não se conheça todos os detalhes para um diagnóstico final, pode-se conseguir resultados excelentes para o que ficou ainda definido como esterilidade sem causa aparente.

Conheça as principais causas de infertilidade

Com a aceitação progressiva dos tratamentos reprodutivos, também a população se envolveu nos diversos conhecimentos necessários, que suscitam escolhas do casal no decorrer do tratamento. Dr. “Google” está aí para não nos deixar mentir!

Estamos nos deparando com uma situação nova: casais solicitando tratamentos de reprodução humana assistida, sem que necessariamente tenhamos um fator impeditivo de gravidez.

Quem pode realizar um tratamento de reprodução humana assistida?

Quem pode ou não realizar um tratamento para engravidar é uma discussão que vai além da parte médica, tem muito da ética envolvida, a discussão vale para entendermos que embora possa ser realizado, precisamos avaliar bem cada caso para evitar problemas futuros.

Há também as situações que antes não poderiam ser realizadas por problemas legais que impediam ou dificultavam o tratamento reprodutivo, mas que agora é possível, como nos casais homoafetivos.

Saiba mais sobre tratamentos para engravidar para casais homoafetivos

São muito comuns algumas situações em nossos consultórios:

  • Quero ter uma gestação gemelar (múltipla);
  • Quero engravidar o mais rápido possível;
  • Quero escolher o sexo do bebê;
  • Quero engravidar mais tarde;
  • Casais homoafetivos.

Vamos falar sobre cada uma delas a seguir.

Gestação múltipla

O Conselho Federal de Medicina (CFM) tem acompanhado os avanços tecnológicos desta área, e percebeu que deveria seguir um movimento mundial e normatizar o número de embriões transferidos em tratamentos de fertilização in vitro, para diminuir as intercorrências obstétricas e neonatais, fato que ocorreu com a resolução 1.957 de 15/12/2010, onde há uma limitação por idade do número de embriões a serem transferidos:

  • Até 35 anos – transferência de até 2 embriões
  • De 36-39 anos – transferência de até 3 embriões
  • Acima de 39 anos – transferência de até 4 embriões

O objetivo é diminuir a gemelaridade e com isto, diminuir a prematuridade fetal, intercorrências e internações hospitalares prolongadas.

Os países europeus e outros países desenvolvidos tem adotado a tendência de transferência de embrião único (SET), sendo o mais radical possível nesta visão descrita.

Para os nossos padrões, acredito que devemos levar em consideração outros fatores, por exemplo o econômico, para uma visão um pouco mais ampla.

Adotamos uma proposta conciliadora e sugerimos sempre ao casal a transferência de até 2 embriões que atinge ótimos índices de gravidez, sem aumentar as intercorrências, e congelamento do embriões excedentes, o que permite nova tentativa preservando as chances iniciais de gravidez. Transferindo 2 embriões, as chances de gêmeos são em torno de 20%, o que pode ser até 200 vezes maior que os índices de gravidez de gêmeos em uma gravidez espontânea.

Quero engravidar o mais rápido possível

As chances de gravidez giram em torno de 10-20%/ano, significando que de cada 10 casais tentantes, 1-2 irão engravidar espontaneamente por ano. Pode parecer baixo, mas este índice cumulativo, já fez nossa população mundial chegar aos níveis que estamos hoje!

É comum esta ansiedade de querer engravidar logo, mas é importante levar que só devemos pensar em procurar ajuda após um ano de tentativas sem proteção e sem nenhum diagnóstico prévio ginecológico ou urológico importante.

Quando existe um diagnóstico prévio de endometriose, miomas, cirurgia urológica masculina como a criptorquidia (testículo fora da bolsa escrotal), caxumba que desceu, é importante ouvir a opinião de um especialista.

Nesta linha de raciocínio, às vezes chega em boa hora, para quem é muito ansioso, avaliar se está tudo bem para continuar tentando ou mesmo quem sabe, uma sincronização de ciclo para saber o dia da ovulação.

Procedimentos mais sofisticados não indicaremos; fica a critério do casal avaliar o custo benefício de uma intervenção maior para alcançar uma gravidez.

4 Dicas para diminuir a ansiedade antes de engravidar

Quero escolher o sexo do bebê

Esta já é uma solicitação cada dia mais frequente e já esta pacificado pelo Conselho Federal de Medicina: Não é permitido a escolha do sexo fetal por norma deste conselho.

Mas, em determinadas circunstâncias é permitido.

Caso exista alguma doença genética hereditária ligada ao sexo fetal, está indicado fazer uma fertilização in vitro com avaliação genética embrionária para escolher embriões sadios e livres da doença genética, avaliados previamente à transferência embrionária. E aí saberemos o sexo fetal!

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Mas o objetivo é outro: a escolha de embriões saudáveis e não perpetuação de doenças graves, que podem ser transmitidas entre gerações, como na anemia falciforme grave, síndrome do X frágil, polipose intestinal familiar e outras doenças, que podemos livrar estes casais de sofrimento já conhecido.

Quero engravidar mais tarde

A decisão da maternidade está chegando cada vez mais tarde. Infelizmente a natureza não concorda com esta proposta e passa a ser um risco se a espera for grande, como explicaremos adiante.

Mas existe uma solução muito interessante que é o congelamento de óvulos em idade mais jovem. Quanto mais jovem? Os trabalhos mostram que a fertilidade começa a cair a partir dos 35 anos, então seria interessante realizar esta captação perto desta idade; isso porque teremos algumas vantagens:

  • Maior número de óvulos – a reserva ovariana é melhor e permite um maior número de óvulos, quando feito a estimulação ovariana;
  • Melhor qualidade oocitária – a carga genética mais jovem tem menos chances de um rearranjo errado na fertilização embrionária;
  • Preservação dos óvulos por tempo indeterminado – após congelados, os óvulos permanecem sem modificações e com a idade atual;
  • Maior taxa de fertilização – é mais fácil a fertilização, porque a carga genética é mais jovem
  • Maior taxa de gravidez – embriões de melhor qualidade genética implantam com maior facilidade

Casais homoafetivos

O CFM abriu a possibilidade legal de casais homoafetivos realizarem tratamentos de reprodução assistida retirando os empecilhos antes vigentes e possibilitando que a criança tenha o nome dos pais/mães registrados em cartório. Também clareando as situações de útero de substituição para casais do sexo masculino e permitindo, para os de sexo feminino a utilização de óvulos e útero entre as mães.

Quem deve fazer um tratamento de reprodução humana assistida?

Muitas vezes vemos casais adiando a investigação de infertilidade por diversas razões. É realmente dolorido ter a confirmação de um diagnóstico de infertilidade!

O tempo passa, tentando contornar esta situação e quando chegam aqui, temos fatores impeditivos difíceis de ultrapassar. O principal deles é a idade materna.

Esse é o bicho-papão de qualquer médico da área, porque temos muito pouco a fazer especificamente para isto. Não existe tratamento que rejuvenesça o óvulo!

Bem que já existem linhas de pesquisa usando células tronco para obtenção de óvulos jovens para pacientes mais velhas, mas ainda não são de uso na prática clínica diária.

Homens mais velhos, espermatozoides novos com no máximo 85 dias, que é o tempo de renovação do estoque de células germinativas masculinas.

Mulheres mais velhas, óvulos velhos, porque não existe renovação do estoque de óvulos. Eles envelhecem junto com a paciente e atrofiam a maior parte em cada ciclo menstrual até que se esgotam na menopausa. Neste caminho perdem a capacidade de gerar embriões saudáveis que viram nenê.

Lógico que podemos fazer algo pelos casais que nos procuram. A investigação básica direciona qual tratamento estará indicado para resolver problemas masculinos, femininos ou de ambos. Hoje se tivermos 1 espermatozoide e 1 óvulo temos chances grandes de formar um embrião e chances até 5 vezes melhores de gravidez, que a gestação espontânea, mesmo em situação desfavorável como esta.

Cada vez está mais fácil o acesso às clínicas especializadas em reprodução humana, pelo número de estabelecimentos e avanço das técnicas utilizadas. Ainda temos os altos custos a serem resolvidos, mas progressivamente eles têm caído e hoje é muito mais acessível que há 20 anos atrás, mesmo utilizando técnicas mais avançadas, medicamentos melhores e equipamentos mais sofisticados.

Acho mais fácil pecar por excesso e sempre é interessante a opinião de um especialista, não só para facilitar, mas para evitar dissabores futuros.

Caso tenha ficado com alguma dúvida, escreva um comentário que entraremos em contato com você! Volte sempre em nosso blog para ficar por dentro das novidades.

 

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