Como na laqueadura na mulher, a vasectomia no homem suscita uma dúvida muito frequente, que encontramos em casais que decidiram novamente tentar uma gravidez.
Qual a melhor opção: fazer a reversão da vasectomia ou a fertilização?
Para essa decisão devemos levar em consideração alguns parâmetros.
O que é Vasectomia?
A vasectomia seria a interrupção cirúrgica do canal deferente que lança no sêmen os espermatozoides. Fica preservado no ejaculado, o líquido seminal constituído da secreção prostática e das vesículas seminais principalmente.
A reversão de vasectomia é um procedimento cirúrgico de tentativa de dar novamente permeabilidade, aos cotos fechados cirurgicamente do canal deferente.
Reversão da vasectomia
Tem a seu favor o fato de, se der certo, voltar sua capacidade de engravidar espontaneamente, e alguns inconvenientes:
- Será um procedimento cirúrgico com seus riscos inerentes, que ainda pode não ser possível fazer a reanastomose, dependendo das condições cirúrgicas como aderências, local inacessível para anastomosar os cotos do canal deferente.
- Sendo o canal deferente um duto muito estreito, tem altas chances de não retornar a permeabilidade. As chances seriam em torno de 10-20% de sucesso na permeabilidade e destes pacientes, em torno de 10% a de engravidar. Estamos falando de chances muito pequenas, e da possibilidade de se submeter a um procedimento cirúrgico e depois ter que fazer de qualquer forma a fertilização in vitro, porque na maioria das vezes não se alcança concentrações adequadas de espermatozoides para tentar uma gravidez espontânea.
- As vasectomias de muitos anos, não é regra, podem ter como consequência alterações que deixam os espermatozoides imóveis, talvez ligadas a fatores imunológicos. Se estiverem imóveis fica difícil identificar se estão vivos ou não, impossibilitando as chances de gravidez espontânea e impondo a realização de testes para esclarecer a vitalidade espermática – teste de hiposmolaridade. Este teste identifica os espermatozoides vivos, mas diminuem as chances de fertilização na ICSI.
- Ainda temos as circunstâncias que o casal na maioria das vezes, gostaria de mais uma gravidez somente, e não da volta definitiva da fertilidade do homem, o que demandaria novamente atitudes para a prevenção de gravidez futura.
Obtenção de espermatozides para Fertilização In Vitro
Para a fertilização in vitro seriam coletados os espermatozoides por punção de epidídimo, bolsa anexa aos testículos, onde eles ficam armazenados (o homem continua a fabricar espermatozoides, só não são eliminados no ejaculado) através de agulha fina sob sedação leve; procedimento muito mais simples e rápido.
Uma vez conseguido os espermatozoides, os mesmos são utilizados para fertilizar os óvulos retirados do ovário em procedimento no laboratório. Ocorrendo a formação dos embriões, estes são transferidos diretamente na cavidade uterina, pulando uma série de etapas do processo para engravidar, o que aumenta as chances para até 50% de gravidez.
Também pode ocorrer a formação de mais embriões, que podem ser criopreservados para uma nova oportunidade no descongelamento embrionário, mais simples que na primeira tentativa e preservando as chances altas de gravidez.
ICSI – injeção intracitoplasmática de espermatozoide
Na maioria das vezes, conseguimos recuperar espermatozoides para realização de tratamento de reprodução humana, mas é verdade também que destes, na maioria das vezes são em concentração pequena, indicando a realização de ICSI.
A ICSI é uma variante da fertilização in vitro que possibilita a gravidez em situações em que a quantidade de espermatozoides é muito pequena, ou sua qualidade é muito ruim. Isto porque será utilizado apenas um espermatozoide por óvulo, injetado diretamente dentro da célula para obtenção de fertilização.
Até 1992, quando esta técnica se difundiu rapidamente, situações em que não se obtinha mais de 1 milhão de espermatozoides estavam fadadas ao insucesso, porque não ocorria a fertilização do óvulo somente colocando juntos em cultivo laboratorial, como se faz na fertilização in vitro. Seria necessário a utilização de sêmen de doador de um banco de sêmen, situação que muitas vezes não é aceita pelo casal.
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Conclusão, o que é mais recomendado?
Concluindo sempre indicamos a fertilização in vitro, por ser mais simples e com chances de sucesso até 5 vezes melhores de gravidez, se comparado à reversão da vasectomia.
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