A doação de óvulos ocorre quando uma mulher cede seus gametas para que sejam fecundados e transplantados para o útero de outra mulher. Nesse caso, os embriões são frutos da união dos espermatozoides do marido da receptora e dos óvulos de uma doadora anônima.

Essa prática permite que aquelas que não têm mais reserva ovariana ou cujos óvulos não são viáveis por diversas razões — idade avançada, menopausa, menopausa precoce, alterações genéticas e outras — possam ser mães.

Neste artigo, falaremos sobre como a doação de óvulos funciona e quando tal prática pode ser utilizada no tratamento de fertilização in vitro (FIV). Continue lendo!

Em que consiste a doação de óvulos?

Trata-se de uma técnica de reprodução assistida realizada com óvulos doados: a mulher com problemas de fertilidade (receptora) recebe óvulos de uma doadora. Isso pode ocorrer entre pessoas que estejam realizando tratamento de reprodução humana — doação compartilhada — ou a partir de uma ação voluntária.

No Brasil, a ovodoação é regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina, sendo considerada legal e ética desde que realizada anonimamente e sem fins comerciais. Além disso, é vedada a doação entre familiares. Doadora e receptora não podem se conhecer, sendo mantidos o sigilo e o anonimato.

A seleção dos óvulos doados é realizada visando a compatibilidade com as células da receptora. Sendo assim, a escolha da doadora é feita com base nas características físicas e imunológicas, constituindo uma responsabilidade do médico assistente.

Embora algumas clínicas mantenham óvulos remanescentes de tratamentos, no Brasil, os óvulos não são mantidos congelados para doação — como é o caso dos bancos de sêmen. Portanto, a coleta com a doadora é realizada ao mesmo tempo em que a receptora se prepara para recebê-los.

Doação voluntária

Tal modalidade ocorre quando mulheres jovens optam, voluntariamente, por ajudar outras a realizarem o sonho da maternidade, doando seus óvulos. Segundo a resolução 2.168/2017 do CFM, os requisitos para ser doadora são:

  • ter menos de 35 anos, garantindo a qualidade dos óvulos colhidos;
  • não ter nenhum interesse comercial ou lucrativo;
  • ser saudável e não portar doenças genética ou sexualmente transmissíveis.

Doação compartilhada

Tanto doadora quanto receptora estão tentando ter filhos por meio de tratamento de FIV, sendo essa a única possibilidade de compensação econômica permitida. Isso porque parte dos custos do tratamento é compartilhado entre doadora e receptora.

Como é realizado o procedimento?

Assim como os demais tratamentos de fertilidade, a ovodoação é realizada em etapas. A doadora e a receptora passam por procedimentos distintos.

Indução da ovulação na doadora

A doadora passará pela fase de estimulação ovariana — procedimento que faz parte do tratamento de FIV. Trata-se de um estímulo à ovulação por meio de medicamentos orais e/ou injetáveis, estimulando o crescimento de folículos e a liberação de mais óvulos naquele ciclo, para aumentar as chances de gravidez.

O tratamento se inicia nos primeiros dias de menstruação e dura cerca de 10 a 12 dias. Durante esse período, é realizado o monitoramento do desenvolvimento folicular, por meio de uma ultrassonografia transvaginal.

Quando os folículos atingem o tamanho e a quantidade esperada, é aplicada a injeção de HCG (gonadotrofina coriônica humana), responsável por induzir a ovulação.

Coleta dos óvulos

36 horas após a indução, os óvulos da doadora são coletados. Para tanto, é usada uma agulha fina, guiada por um ultrassom transvaginal. Esse procedimento é realizado em laboratório acoplado à um centro cirúrgico específico para procedimentos de reprodução assistida, com a paciente sob leve sedação.

Metade dos óvulos da doadora será fertilizada pelos espermatozoides de seu marido. A outra metade será fecundada pelos gametas do marido da receptora, ao passo que os embriões formados serão transferidos, respectivamente, para os úteros da primeira e da segunda.

Fecundação

Em ambos os casos, a união dos gametas se dá por meio da fertilização in vitro, realizada em laboratório. Após a confirmação da fertilização, os embriões são mantidos na incubadora, sendo que os melhores são, então, selecionados para a transferência, que é feita de 2 a 5 dias após a fecundação.

Preparação do útero da receptora

Simultaneamente, a receptora tomará hormônios por via oral, que preparem seu útero para a chegada do embrião. Trata-se da administração de estrógeno e progesterona, que são naturalmente produzidos no ciclo menstrual para preparo endometrial, facilitando e propiciando a janela de implantação – momento em que é possível a nidação – implantação embrionária.

Estes hormônios são responsáveis pelo espessamento do endométrio (camada interna do útero), viabilizando a implantação do embrião. O uso da medicação se inicia antes da transferência e, caso ocorra a gravidez, é mantido por  12 semanas de gestação, quando o corpo ( placenta ) é auto-suficiente na produção e manutenção hormonal da gravidez.

Quando a técnica pode ser usada para a fertilização in vitro?

A FIV é uma das mais populares técnicas de reprodução assistida, sendo indicada para casos de infertilidade tanto feminina quanto masculina. No entanto, há situações em que os casais se deparam com mais uma dificuldade: a falta de óvulos para a fecundação.

É possível recorrer à doação de óvulos para a realização da FIV quando:

  • as mulheres estão em idade avançada e seus óvulos não são viáveis (em quantidade ou qualidade);
  • as mulheres já atingiram a menopausa, natural ou precocemente — falência ovariana prematura;
  • houve cirurgia de retirada dos ovários;
  • é feito o tratamento de quimioterapia ou radioterapia;
  • as mulheres têm ovários inacessíveis para a obtenção de óvulos;
  • se trata de portadoras de doenças hereditárias, sendo alternativa ao tratamento da FIV com PGD (Diagnóstico Genético Pré-implantacional);
  • há abortos de repetição;
  • alternativa à falhas repetidas de FIV, com suspeita de envolvimento na qualidade oocitária;
  • existem alterações cromossômicas na mulher ou nos embriões.

Quais as chances de sucesso?

De maneira geral, as chances de uma doação de óvulos ser bem-sucedida dependem de características da doadora e da receptora. Doadoras saudáveis tendem a gerar óvulos de boa qualidade, sendo que, até os 35 anos, a probabilidade de que a FIV dê certo chega a 50%.

Já em relação às receptoras, o sucesso ou o fracasso está atrelado ao processo de implantação do embrião no útero. Doenças como a endometriose, além da ocorrência de pólipos ou miomas, podem interferir na receptividade do endométrio, dificultando a gravidez.

Como vimos, a doação de óvulos se baseia na solidariedade e no altruísmo de mulheres que se dispõem a ajudar outras, tornando possível o sonho de gerar uma vida para quem não poderia engravidar da forma convencional.

Gostou deste artigo? Ainda tem dúvidas sobre o assunto? Descubra, agora, se doar óvulos reduz suas chances de sucesso. Até a próxima!

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